Estimulação precoce e o orgulho das coisas públicas

No meio de fevereiro, primeiro dia da Teresa na escola pública. Com muito orgulho!

A Paloma publicou um post há mais de um mês em que fala do orgulho de ter colocado sua filha em uma escola pública. Tenho compartilhado o mesmo sentimento desde que a Teresa nasceu.

É assim: eu sempre estudei em escola particular, porque minha mãe é professora, e a gente tinha bolsa. Aí eu fiz universidade pública, e fiz movimento estudantil, e virou uma questão para mim lutar por uma educação pública e de qualidade para todos. Ou melhor, ampliando depois de terminar a faculdade, lutar por políticas públicas que promovam uma maior igualdade entre as pessoas.

Isso tem permeado minha vida profissional, especialmente depois que eu voltei da Espanha e vim parar aqui em Brasília. Quando não estou de licença-maternidade, essencialmente trabalho cobrindo políticas públicas. Com muito orgulho.

E com esse mesmo orgulho temos participado do banco de leite, para o qual continuamos doando leite e vidros com tampa de plástico (já doamos 41 vidros! Se você tem aí algum vidro com tampa de plástico na sua casa, doe para um banco de leite! Com certeza eles precisam!). A Teresa foi beneficiada por este lindo trabalho e, graças a ele, mesmo tendo ficado um mês na UTI, só tomou leite materno, nunca precisou tomar fórmula até hoje.

Maria Teresa aprendendo os exercícios com a tia Carminha...

E agora, está participando também da educação pública. Isso porque a estimulação precoce, além de ser um trabalho de desenvolvimento psicomotor para a criança, é também um projeto de inclusão. Como eu já disse, participam não só prematuros, mas também crianças com todo tipo de deficiências.

E a ideia é que todos eles já comecem a participar da vida da escola. Conviver com os outros alunos, nas atividades, nas festinhas. Nós, pais, participarmos da Associação de Pais e Mestres, ajudando a definir democraticamente os rumos da educação. Estou empolgadíssima.

... e ensinando para o amigo Davi: brincadeira com meio celofane (sempre supervisionada por um adulto, ok?)

Tinha cogitado colocar minha filha numa creche pública – por tudo o que eu já disse, e porque aqui em Brasília a educação pública é bem boa. Os professores da rede pública ganham melhor do que muitas escolas particulares. Mas o que é para todos precisa seguir padrões e os padrões não me atendem (leia-se: meu horário de trabalho não é naaaada convencional!). Mas fui visitar a creche pública aqui perto de casa e o que vi me agradou muito: crianças bem cuidadas e funcionários felizes e orgulhosos de seu trabalho.

Fiquei muito feliz de estar inserida nesta vida de educação pública. Pretendo participar ativamente, ensinando minha filha a valorizar o que é público, a conviver com o diferente (crianças de diversas situações sociais e, no caso da estimulação precoce, também crianças com diversas deficiências), a respeitar e amar todo mundo, a ser uma cidadã desde pequena.

A Teresa está amando a estimulação precoce, e eu também. Estamos aprendendo vários exercícios para ajudar a desenvolver a psicomotricidade dela (neste momento, focados em fortalecer as costas e o pescoço e em aprender a pegar coisas com a mão). Ela se diverte muito, fica exausta, e eu aprendo várias coisas para fazer com ela em casa! O programa dura até os 3 anos, e a agenda de atividades vai aumentando para, no final, inserir a criança no Jardim de Infância. Achei genial!

Só não entendi ainda por que, se o governo oferece este programa, não oferece a infraestrutura necessária: tudo é feito com recursos da Associação de Pais e Mestres e doações de professores e pais. Falando nisso, eles estão precisando de doações de:

– mesinha e cadeira de crianças
– espelhos de todos os tamanhos
– velotrol (ou velocípede!) bem firme
– brinquedos sonoros e luminosos
– aparelho de som

Em tempo: por falar em cidadania, adoro a caderneta de saúde da criança! Super completa, com as informações principais para que todas as crianças tenham acesso a um desenvolvimento adequado em termos de estimulação, amamentação, alimentação e outras atividades! E também sou fã do programa de vacinação público, inclusive o programa especial para os prematuros!!!!

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23 respostas para Estimulação precoce e o orgulho das coisas públicas

  1. Paloma Varon disse:

    Lídia, muito bom isso, estava esperando ansiosamente por este post.
    Sobre os recursos, a escola da Ciça sío é boa como é porque tem uma APM atuante. Nós contribuímos todo mês (vou escrever um post sobre isso) e o dinheiro é bem utilizado. Se o governo não dá o pacote completo (e dificilmente dá), não podemos ficar sentadas esperando, né? O jeito é correr atrás de doações e contribuições, o que não é de todo ruim, pois faz a gente se sentir inserida no processo e não ganhar tudo de mão-beijada. Participar ativamente da educação de nossos filhos.
    E, sobre a caderneta de saúde, vc tirou as palavras da minha boca! Eu vivo falando para o Bernardo que lá tem tudo, que ela é demais! Não precisa nem ir atrás de dados da OMS, do Ministério da Saude ou ler o Dr. Carlos González (ave Carlos!), pois a caderneta é completíssima e fala tudo numa linguagem simples e acessível.
    Se as mães de classe média e alta e os médicos particulares a lessem, o consumo de LA no Brasil cairia pela metade, no mínimo!
    Beijos

  2. Yana Tamayo disse:

    Lidia, que coisa mais linda a Teresa!!!
    Eu já tinha ouvido falar da estimulaçao precoce e, vendo você contar, achei ainda mais legal todo o trabalho que é feito lá.
    Acho que em breve poderemos doar algumas coisinhas do Tito para a escola. Ele nao tem muitos brinquedos, mas logo vai deixar alguns para trás e acho que poderemos doá-los para as escolinhas.
    Ah!! E a Tetê tá fofa e linda demais!!!!!!!
    Beijos grandes,
    Yana

    • lidianeves disse:

      querida, a estimulação precoce é bem legal mesmo. vou escrever mais sobre isso por aqui.
      quando for doar os brinquedos, pode me entregar que eu levo!
      beijos e saudades!!!
      (e gracias pelos elogios a la peque, eu concordo!)

  3. Juliana disse:

    Lidia, adoro o blog. As vezes entro só para ver essa risada da Teresa na foto inicial. Ela está cada dia mais fofinha e mais linda. Beijos a vocês e parabéns pelo blog, que também está uma graça.

  4. lia disse:

    Que lindo, Lídia! Adorei seu depoimento.
    Tenho vários brinquedos barulhentos e luminosos dosinfernos que estou doida pra doar… Posso passar pra você?

  5. ANA PAULA disse:

    Olha Lidia, acho que Brasilia é o ponto fora da curva… pelo que vc escreveu.
    Pq aqui em SP não tem a minima condiçao de colocarmos em creche publica, alem das vacinas que pagamos uma nota nas clinicas de vacinação. Pelo visto realmente ai é outro mundo….
    Aproveite enquanto está aí em Brasilia…..
    Bjs

  6. Paloma Varon disse:

    Ana Paula, as vacinas estão dispóníveis na rede pública de todo o país, inclusive as pneumocócica e meningocócica, que são carésimas na rede particular. O calendário de vacinação público está completíssimo. O que acontece é que muita gente prefere dar particular para juntar mais vacinas em uma só dose (penta, hexa etc.). Mas no posto de saúde (em qualquer cidade brasileira, principalmente em São Paulo) vc acha todas as vacinas, com exceção de uma ou outra (só me lembro agora que não tem a da catapora).
    Beijos

  7. Tathy disse:

    ótimo post Lidia. Estou com um colchão de berço para doar, será que eles querem? E gostaria do endereço da estimulação, para fazer uma visita, será que rola?

    Bjssssssssss

  8. Oi Lídia…
    A estimulação precoce é realmente incrível. O Guilherme, nascido com 6 meses, teve a oportunidade de experimentá-la até andar, com um ano e 3 meses. Tenho certeza que foi fundamental pro desenvolvimento dele. Costumo dizer à fisioterapeuta, que estimulou tanto que agora ele está “pilhado”! Tentei inserí-lo num curso de estimulação através da música, na Unb, mas a fila era grande o os horários complicados. Você tem mais informações sobre esse curso?
    Ah! Sua filhota tá linda! Bjs!

  9. Robson disse:

    Interessante! Tenho uma idéia pra você que você aparenta ter condições de pagar uma creche particular para sua filha. Já que estão sobrando vagas para crianças carentes no ensino público de Brasília, ao contrário de São Paulo, você poderia verificar junto aos pais de alunos, quem teria condições de pagar uma creche particular, vocês poderiam se juntar e fazer doações mensais no valor de uma mensalidade de uma creche particular. Genial! Dá pra comprar:

    – mesinha e cadeira de crianças
    – espelhos de todos os tamanhos
    – velotrol (ou velocípede!) bem firme
    – brinquedos sonoros e luminosos
    – aparelho de som

    • lidianeves disse:

      acho que eu tenho uma visão diferente da sua de escola pública. defendo que ela seja para todos, através do pagamento de impostos proporcional à renda. abs

  10. Adri disse:

    Muito legal, Lidia. Também sou cria do ensino público e apoio essa sua posição! Grande abraço!

  11. Patricia Ribeiro disse:

    Achei muito legal este blog, tenho 3 filhos 1 menino com 2 anos e duas meninas gemeas de 6 meses as quais precisam com urgência praticar a estimulação precoce, queria saber com você o telefone e endereço de alguma escolinha, moro em águas Claras, quem sabe tem alguma por perto.

    um abraço

    Patricia Ribeiro
    patriciavie1@Hotmail.com

  12. Lidia, esse é uma das escolhas que já fiz desde que começei a contar os anos para ser mãe (ainda faltam uns 3)! É na escola pública que espero que minha filha se desenvolva. E fiquei muito feliz de saber que em Brasília existem boas opções, porque em Alagoas, infelizmente, ainda não podemos nos orgulhar as escolas estaduais ou municipais. Parir pelo SUS também faz parte dos meus planos, mas esse projeto está mais difícil de realizar, porque a humanização do parto (no privado também, diga-se de passagem) ainda é um desafio a ser conquistado. Lindo blog!

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